sábado, 30 de novembro de 2013

Eu, ele e a bicicleta. Ixi! Casei com um triatleta.

Olá Amigos, eu e a Mariana temos conversado muito sobre casais, relacionamentos, etc. Ela decidiu escrever um pequeno texto, que gostaria muito de compartilhar com vocês. Segue abaixo, espero que gostem!


Eu, ele e a bicicleta. Ixi! Casei com um triatleta.

Ele mantém a calma até nas tempestades. Eu, tenho "gênio" de tempestade.

Ele me ensinou a ser mais disciplinada. E eu o ensinei a comer peixe.

Eu bebo cerveja. Ele, leite sem lactose.

Ele levanta as 5h da matina pra correr. Eu prefiro assistir desenho animado.

Eu acordo cantando. Só fale com ele após as 9h ou após os primeiros kms.

E se você acha que esse texto é apenas sobre mais um casal onde "os opostos se atraem" está bem enganado.

Esse texto é sobre os limites das relações.

O Diego tem "hábitos" diferentes.

É triatleta, preocupado com a saúde. Se alimenta corretamente e seu sobrenome poderia ser disciplina.

Ele treina duas vezes por dia, e cuida mais (bem mais!) da bicicleta do que do carro.

Com os treinos, ele se ausenta. Quando esta treinando para alguma prova importante ele se ausenta ainda mais.

Nos poucos domingos que estou em casa (trabalho muito aos finais de semana), só o vejo após as 11h, horário que ele volta pra casa, depois de ter ido treinar na USP, na Represa, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.

Nossa rotina também é cheia. Eu acabei de abrir uma empresa, então minha dedicação é quase exclusiva pra isso. Eu estudo a noite. Temos mil atividades na igreja, meus pais moram a quase 300km de são Paulo. Ele também é ator e músico. Eu sou cantora. E por ai vai...

Nossas atividades muitas vezes se encaixam em função da rotina de treinos do Diego. As vezes eu me encaixo na rotina de treinos...

E as pessoas me perguntam como eu “aguento”, se eu não acho um saco ele “controlar” a alimentação o tempo todo ou ainda como eu “aturo” tanto treino aos finais de semana.

E a resposta é simples: Limites.

Parece complicado para as pessoas entenderem que é muito importante que mesmo um casal precise ter “mundos” diferentes. Limites que precisam ser respeitados. Uma certa privacidade... sabe?

Eu acho saudável que o Diego cultive algo “só dele” Um universo a parte, do qual eu não faço parte. Mas onde sou muito bem-vinda.
Eu não sou “excluída”, muito pelo contrário.
Em todas as provas eu estou lá. Nem que seja pra gritar um: “vai amor!” ou até mesmo ajudar a guardar a bicicleta no carro.

E a felicidade que o Diego sente a me ver INTERESSADA no Universo dele, é sem tamanho.

Mas isso não quer dizer que eu deixe o meu Universo para fazer parte servir ao universo dele. Entende?

Sou chef de cozinha, e o Diego só aprendeu a cozinhar macarrão (e só depois que a gente casou!). E é uma delicia ver que ele se esforça para saber para que serve determinados temperos, ou qual é o nome de algum chef importante que eu goste...
Mas a cozinha é MEU universo. MEU momento. Minha terapia. Só meu.
O esporte é o universo do Diego. Apenas dele.

Eu não sei em qual momento, foi decretada a lei que “ser uma só carne” significa fazer absolutamente TUDO juntos.
E que quando um dos dois descobre novos prazeres ou se interessa por assuntos que o outro não faz parte está errado.
Então, vejo casais tristes. Onde seu próprio universo não existe mais. E as pessoas deixam de ser “interessantes”. Entende?

Imagine que saco um casal que não tem interesses diferentes, que tem todos os assuntos em comum, que não fazem coisas separadas. Desculpe, mas quando estão juntos, conversam sobre o que?

E quer saber minha opinião bem sincera? Até o sexo fica ruim.
Porque quem é que sente tesão por uma pessoa que nem é mais interessante. Ou ainda, quem consegue sentir alguma coisa, por uma pessoa que não te impulsiona, que não te motiva, que faz das suas alegrias um motivo pra briga?

O Diego não entende por que eu estudo até as 23h sobre cozinha brasileira. Mas me incentiva!
Eu faço questão de incentiva-lo também! Mesmo sem entender até agora porque raios ele fica feliz ao acordar as 5h da manhã (num domingo) pra treinar. Mas ok, vai lá! E na volta me traga pão quentinho!

E quando ele volta, (e volta muito feliz) tem sempre histórias pra contar, novidades...
É gostoso. Conseguimos conversar sobre coisas que ele descobriu, ou coisas que eu descobri. Algo que não aconteceria se eu não cultivasse meu espaço e ele o dele.

Todos os dias eu olho pro Diego e penso a mesma coisa: que ele é interessante, inteligente, que é gostoso conversar com ele. Todos os dias tem uma novidade, uma mudança uma EVOLUÇÃO.

Acredito que muitos casais se perdem por não olhar para eles mesmos e descobrirem que tipo de casal pode ser.
Pegam modelos já batidos e se espelham. E pior, acreditam num único modelo como verdade.
Diego e eu, com certeza não seremos casais como nossos pais, embora eles sejam ótimos exemplos para seguir.
Também não seremos aquele casal da propaganda de margarina.
Seremos Diego e Mariana. Cada um no seu espaço. Cada um verdadeiramente interessado nos interesses do outro, respeitando o limite de cada universo que nós cultivamos individualmente.